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Estabilidade e previsibilidade: as fundações da economia

Um breve olhar sobre a o Portugal atual, por Fernando Amaral, Chairman do Sendys Group. Artigo de Opinião no jornal Vida Económica.
Estabilidade e previsibilidade: as fundações da economia

Instabilidade e imprevisibilidade. Duas palavras que caraterizam o Portugal democrático. Os mesmos que, bem sabemos, afastam qualquer investidor de uma economia.

De forma breve, vamos eleger, a 30 de janeiro, o vigésimo segundo (!) governo constitucional, não contando com os seis governos provisórios. Acresce o humilhante facto de o país ter sido intervencionado, em democracia, pelo FMI, por três vezes. Nos antípodas, a Alemanha acaba de empossar o nono chanceler, desde 1949. Enquanto isto, somos ultrapassados, nos mais diversos índices, pelos países do bloco de leste, e a Irlanda, até há pouco usada como comparativo a Portugal, deixa-nos para trás em todos os índices (exceto no número de quilómetros de autoestradas!).

Um cenário pouco animador, ao qual tivemos a arte e engenho de acrescentar, em cima de uma crise pandémica global, uma crise política que, pela instabilidade gerada, terá (uso o condicional por mera benevolência) graves consequências económicas e sociais. Deixa-me sem perceber o lado prático e que melhorias podem ser trazidas pelas eleições. Mas será que a instabilidade e a imprevisibilidade ficarão resolvidas com as eleições de 30 de janeiro? Tenho as mais sérias e fundadas dúvidas. Temo, mesmo com o otimismo que me carateriza, que o país fique igual ou pior.

Ainda que não seja politólogo, diria que correlação de forças poderá ficar similar e o impasse se mantenha. Ou seja, ficamos no mesmo ponto que nos trouxe a eleições. Contudo, o entendimento PSD-PS parece ser uma via. Mas será que Costa tem essa abertura? Até agora, não se comprometeu. Com a habilidade política que lhe reconheço, mandou recado. Será por ainda acreditar na maioria absoluta? Seria fundamental essa clarificação para a definição do sentido de voto de milhões de portugueses, para bem da democracia e da economia. O voto, assim, será sempre um tiro no escuro.

Um tiro no escuro que se adensa com o crescimento do Chega, a afirmar-se como terceira força política, de acordo com as sondagens conhecidas. Um fenómeno imprevisível e sem histórico na forma como a correlação de forças se jogará no Parlamento.

Mas, até termos novo Executivo, atira-se areia para os olhos com ‘Websummits’, e aquilo que verdadeiramente interessa, como a execução dos maiores projetos financiados pelo PRR está adiado, a fiscalidade e legislação do trabalho ficarão em banho-maria, instáveis e imprevisíveis. Tudo aquilo que investidores e empresários nacionais e estrangeiros mais temem. A combinação perfeita para um Portugal pouco atrativo e eternamente adiado. Urgem estabilidade e previsibilidade política, económica e adequação fiscal, bem como menos Estado, para que o país seja atrativo e capaz de captação de investimento estrangeiro, criação de emprego qualificado e as empresas nacionais serem mais competitivas. Só assim teremos um país a descolar no crescimento e com uma sociedade mais equilibrada. Contudo, como costumo dizer, o problema não está nos políticos, mas em quem vota. Somos uma sociedade de memória curta, pouco exigente com quem nos governa, perdulários, pouco organizados e, diria mesmo, tememos a exigência, não vá a cada um de nós seria exigido o mesmo. Estabilidade e previsibilidade é tudo o que necessitamos a 30 de janeiro para um país viável. Uma verdade inquestionável, que poderia ter sido escrita há quinze anos, mas é a esperança no presente e futuro que nos interessa.

 

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